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A visão Budista da morte

30 de novembro de 2019 - Artigos, Entrevistas

Por Beatriz Camargo, 30 de novembro de 2019

 

O Budismo é uma religião fundada na Índia, há mais de 2500 anos e se difundiu pelo Ocidente.

Siddhartha Gautama era um príncipe que, mesmo tendo conforto, sentia um vazio muito grande ao ver a vida fora do palácio com pobreza e fome. Gautama decidiu, então, começar uma jornada em busca da Verdade sobre a origem e cessar os sofrimentos do homem. Quando achou essa Verdade, ele tornou-se um Buda (que significa Desperto ou Iluminado). Buda não é um Deus ou um profeta de Deus, mas um homem que ‘alcançou a Verdade. Esta Verdade é chamada de Dharma, as leis/fundamentos do Budismo. Lembrando que Buda não inventou o Dharma, ele descobriu o Dharma eterno e tornou-se seu porta-voz.

No Budismo, o  Nembustsu é a prática central dos ensinamentos, mas não seria um cântico para pedir curas ou milagres, e sim de gratidão e para iluminar os  corações.

No Brasil, o Budismo chegou com os imigrantes japoneses, no século XX, que trouxeram a os ensinamentos e tradições consigo e compartilham até hoje.

O que significa a morte no Budismo?

Monge Kanyu Kawakami Foto: Beatriz Camargo

Para os devotos do Budismo, a morte é o final do ciclo na Terra, quando a missão de cada um acaba. Seria um ciclo “nasce, vive, adoece e morre”. O Monge Kanyu Kawakami, da associação religiosa Nambei Honganji, na sede de Suzano, explica que a religião entende este processo de maneira bastante natural e normal, e a única maneira de não encarar a morte, seria não nascer “quando nascemos já nascemos com a morte, vivemos tendo consciência dela”.

O Monge relata que o caminho que se segue depois da morte é um grande mistério, “tudo o que eu irei falar é simbólico, não temos certeza, mas quando começamos a compreender, podemos acalmar os que vão e também os que ficam”. Ele explica que todos os seres viventes vêm ao mundo quando recebem vida do Buda Amida e quando o ciclo termina, regressa-se à terra natal da vida, a terra Pura. Ao chegar à terra pura, o homem ficaria livre de egoísmo e se tornaria um Buda.

Apesar de todos os mistérios, a religião crê que este caminho seria o que se encontra depois da jornada. Kanyu ressalva que os mortos só conseguiriam tornar-se Buda, quando os que ficaram na Terra começassem a ter apenas sentimentos de gratidão e amor, e não mais de tristeza e dor, pois somente aí o espírito estaria pronto para ir à Terra Pura  e tornar-se Buda.

Na Terra Pura, como as pessoas não teriam mais egoísmo e disputas de ego, não se teria mais desavenças e atritos, então encontraríamos todos no mesmo lugar, mas sem as brigas da vida passada.

Kanyu comenta que o que nos tornamos hoje, é um reflexo de diversas condições de nossos antepassados, além de nossas próprias escolhas, ou seja estamos onde estamos, fazendo as escolhas que fazemos, por conta de fatores internos e externos, “cada um de nós somos como uma cebola. Vamos tirando todas as camadas que nos formam, mas sem elas, não somos nada.”

As flores, na religião budista, servem muito mais do que para decoração. Nos templos, elas significam um ensinamento sobre transição. Elas servem para sempre lembrar que será necessário lidar com fatos como a velhice, doenças, morte, independente de querermos ou não.

 

*Todas as informações foram cedidas pelo Monge Kanyu Kawakami, da Associação Religiosa Nambei Honganji, no templo de Suzano, São Paulo.

O Monge ressalta que cada escola Budista tem uma maneira de entender os ensinamentos, mas o Dharma é sempre o mesmo. Ele explica que para se tornar Monge no Brasil, ainda é obrigatório ir para a escola de Budismo no Japão.

Kanyu Kawakami nasceu no Japão, em 1981, e está há 38 anos no Brasil.

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