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A visão da morte e do luto pelos Ateus

8 de abril de 2020 - Artigos, Entrevistas

Por Beatriz Camargo

 

Não crer em um Deus ou em qualquer divindade que seja a responsável pelo início ou término da existência humana na Terra, pode parecer algo muito surpreendente, de início, para muitos. O Brasil é um país laico, isso significa que o Estado é neutro no campo religioso.  Essa posição deixa a sociedade livre para crer em qualquer religião, inclusive em nenhuma.

Angel Monteiro sempre foi assíduo em tópicos de discussão sobre ateísmo. Foto: Acervo Interno

Dá-se o nome de Ateu àquele que, segundo o dicionário Aurélio “Que ou aquele que não crê em Deus”. Um dos administradores do grupo ‘Ateus e Agnósticos, sociedade ateísta’, fundado há oito anos, e estudante de Filosofia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Angel Monteiro, explica que Deus, neste caso, não é apenas a visão do Deus cristão.  “O senso comum vê que Deus é uma referência direta ao Deus cristão, mas Deus aqui se refere a toda personificação ou idealização de um ser superior de cunho metafísico que determina, origina ou finaliza nossa existência na Terra. Podemos colocar o ateísmo como um movimento que nega qualquer tipo de fé.”

O estudante ressalta que muitos se tornam ateus devido ao demasiado estudo da Bíblia, onde a visão torna-se mais sistemática do assunto.

Como os ateus entendem a morte e o luto?

Monteiro ressalta que são comuns teorias do que ocorre após a morte, não importa se na Terra ou não. Para os Ateus, já que não há provas de haver algo além desta vida, acredita-se que a jornada acabe aqui. “O ateu não formula padrões. Apesar de a crença comum ser a de que nada existe para além dessa vida [para os ateus], a postura comumente posta é: Nada, pois nada se apresenta. O Ateu é aquele sem fé. A fé é algo que se sustenta sem provas de existir. Não tem provas de existir nada além da vida” complementa.

Dentre as pessoas que não acreditam em Deus, existe a ramificação entre Ateus e Agnósticos. A primeira nega a existência de Deus; já os Agnósticos, dizem que pode existir ou não, mas ainda nada foi provado.

O momento do luto, como a saudade e a dor da perda, não é diferente para os Ateus, cada um enfrenta o processo e procura conforto no que lhe amparar melhor, “o luto é uma questão muito particular” comenta Angel Monteiro.

Apesar de não crer em Deus, os Ateus estão inseridos em uma sociedade com ritos e repetições de hábitos, como o estudante ressalta, por isso, os ritos de passagem, como funerais, continuam sendo praticados por eles, porém,  Angel finaliza ao dizer “Os diversos tipos de funerais podem  ocorrer, mas ocorrem como finalidade na celebração do próprio ato em si, e não em devoção a algo metafísico externo.”

 

*Angel Monteiro é um dos administradores do grupo “Ateus e Agnósticos: Sociedade Ateísta” há, aproximadamente, quatro anos. Sua trajetória começou como assíduo membro do grupo, sempre presente nas discussões sobre o tema. Depois, foi convidado para ingressar o time de administradores. O grupo foi criado há oito anos.

Angel é estudante de filosofia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

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